Boas práticas das TIC em contexto educativo

10-05-2021

Hoje em dia, a literacia digital é muito mais do que saber servir-se de um computador e usar as respetivas aplicações/ferramentas, pressupõe que o utilizador seja também capaz de produzir e partilhar informação. Sendo assim, espera-se que consiga adquirir, produzir, colaborar e tenha uma atitude pró-ativa de construção conjunta de conhecimento em rede. Nesta perspetiva e tendo em consideração que as tecnologias estão em todo o lado, é pertinente que os educadores estejam devidamente formados e aptos a utilizar as TIC em contexto educativo. As tecnologias vieram para ficar, é irreversível, sendo assim, temos que nos adaptar e tentar fazer uso das suas ferramentas, da melhor forma possível, e contribuir para o desenvolvimento cognitivo dos nossos alunos. Além disso, atualmente a capacidade para usar computadores é fundamental no mundo do trabalho, sendo uma das competências básicas e determinante na procura do primeiro emprego.

Em termos educativos, o uso de tecnologias pode incrementar a motivação dos alunos, tornando o contexto de aprendizagem mais agradável, vamos ao encontro das suas vivências, dos seus ambientes e das suas zonas de conforto. Só assim poderemos cativá-los e tornar as tecnologias num forte aliado para a educação. Tal como refere José Moran (Moran, 2008):

A educação tem de surpreender, cativar, conquistar os estudantes a todo o momento. A educação precisa encantar, entusiasmar, seduzir, apontar possibilidades e realizar novos conhecimentos e práticas. A escola é um dos espaços privilegiados de elaboração de projetos de conhecimento, de intervenção social e de vida. É um espaço privilegiado de experimentar situações desafiadoras do presente e do futuro, reais e imaginárias, aplicáveis ou limítrofes. Promover o desenvolvimento integral da criança e do jovem só é possível com a união do conteúdo escolar e da vivência em outros espaços de aprendizagem.

Cabe à escola e aos pais (que muito cedo lhes fornecem smartphones) atenuar essas lacunas, controlar a utilização que fazem da internet e dotar os jovens das habilidades necessárias para a globalização. Apesar de ser comum designar-se os jovens de hoje como "nativos digitais", os autores do livro "Los nativos digitales no existen" (Lluna & Pedreira, 2016) consideram o uso dessa expressão um erro, uma vez que pressupõe que que já nascem dotados de conhecimentos tecnológicos, como se fosse algo inato. Na realidade, apesar de nascerem rodeados das tecnologias, não sabem aproveitá-las para o desenvolvimento para o sucesso educativo, como cidadãos ou para o progresso da sociedade. Os referidos autores, referem mesmo que a nova geração deveria ser efetivamente designada de "órfãos digitais", pois apresentam uma carência de formação nessa área. Neste âmbito, é fundamental os educadores detenham o conhecimento tecnológico e o saibam utilizar direcionado para a educação e para os currículos.

No que diz respeito à escola e seus educadores, citando o autor José Moran (Moran, 2008):

Necessitamos dos educadores tecnológicos, que nos tragam as melhores soluções para cada situação de aprendizagem, que facilitem a comunicação com os alunos, que orientem a confeção dos materiais adequados para cada curso, que humanizem as tecnologias e as mostrem como meios e não como fins. É importante humanizar as tecnologias: são meios, caminhos para facilitar o processo de aprendizagem. É importante também inserir as tecnologias nos valores, na comunicação afetiva, na flexibilização do espaço e tempo do ensino-aprendizagem.

No entanto, será necessário que os educadores tenham a noção e a perceção da necessidade de equilíbrio. As tecnologias não substituem o professor, deverão ser suas aliadas, serem encaradas como um meio para ajudar na dinâmica das aulas e na participação ativa e construtiva dos alunos. Sendo assim, é imprescindível que os professores tenham formação e estejam motivados para usarem as novas tecnologias. De acordo com (Moura, 2012):

A tecnologia por si só não resolverá os problemas educacionais numa sociedade em constante transformação. Por isso, a tecnologia deve ser encarada como um meio significativo capaz de ajudar a superar as necessidades dos alunos e as exigências da sociedade de que faz parte.

Numerosos estudos têm sido realizados sobre a eficácia do uso da tecnologia em contexto de sala de aula. O trabalho de investigação relatado por García-Valcárcel, A., Basilotta, V., & López García, C. (García-Valcárcel et al., 2014) , permitiu aos autores concluir que a utilização das tecnologias são valorizadas pela forma como facilitam o trabalho dos estudantes, promovem o trabalho colaborativo e o desenvolvimento de competências transversais, dando-lhes mais independência, motivando-os, captando a sua atenção e diferenciando o ensino, adaptando-o aos diferentes ritmos dos estudantes, apoiando especialmente os estudantes com dificuldades de aprendizagem, ao mesmo tempo que aumenta a aprendizagem para todos os estudantes.

Ultrapassadas as dificuldades básicas inerentes aos dispositivos e ao acesso à web, os professores dispõem de uma enorme diversidade de recursos educativos digitais prontos para serem implementados. Além disso, uma nova tendência está a ganhar destaque no uso das tecnologias na educação: "Bring Your Own Device" (BYOD), ou seja, cada aluno traz o seu próprio dispositivo (computador portátil, tablet, smartphone), o que permite usar ferramentas/recursos inerentes à modalidade de educação m-learning. (Moura, 2012)

As aplicações educacionais de m-learning permitem o compartilhamento do conhecimento, a aprendizagem cooperativa, a interatividade, a pesquisa, a iniciativa e a motivação dos estudantes na construção dos próprios conhecimentos. Mas que ferramentas digitais poderemos utilizar de modo que os alunos sejam eles próprios construtores da sua aprendizagem e se preparem para enfrentar os desafios de uma sociedade em constante transformação?

O trabalho colaborativo e a capacidade em comunicar são competências pretendidas para o perfil dos alunos à saída do ensino secundário e para os cidadãos do séc. XXI. Para práticas de trabalho colaborativo há várias ferramentas e recursos que oferecem essas possibilidades: comunicar, debater e colaborar dentro e fora da sala de aula. Desde o Fórum, o Blog, plataformas educativas - Edmodo, Apps Google (Gmail, Google Classroom, Google Drive: Docs, Slides, Sites), Padlet, Voxopop (sistema de gravação de voz), Mindmeister (criar mapas mentais on-line e de forma colaborativa), wikis (produção escrita), podcast, etc.

Muitos outros recursos podem ser utilizados para o desenvolvimento de outras competências: autonomia, criatividade, Raciocínio e resolução de problemas, pensamento crítico: simulações (PhET), plataformas com sequências de aprendizagem com tarefas (Classroom, webnode, bookwidgets, quizizz,..).

Qualquer que seja a nossa escolha, é essencial que o professor detenha a formação ajustada para a integração das novas tecnologias no contexto educacional, assim como no apoio à sua utilização pelos alunos. É fundamental que o educador seja autodidata e de mente aberta, empenhado em práticas de ensino baseadas nas pedagogias construtivistas e disponível para atualização constante - paradigma de "Aprendizagem ao longo da vida". Participar da formação de outra pessoa engloba essa responsabilidade.

Citando (Moura, 2019): "É a hora da escola encetar um verdadeiro caminho de transformação digital. A partilha de boas práticas é a chave para inspirar os professores a desenvolver as destrezas necessárias aos alunos, para terem sucesso na sociedade em que têm de viver."

García-Valcárcel, A., Basilotta, V., & López García, C. (2014). ICT in collaborative learning in the classrooms of primary and secondary education. Comunicar, 21(42), 65-74. https://doi.org/10.3916/C42-2014-06

Lluna, S., & Pedreira, J. (Wicho). (2016). Los nativos digitales no existen Cómo educar a tus hijos para un mundo digital. Grupo Planeta, Av. Diagonal, 662-664, 08034 Barcelona (España).

Moran, J. M. (2008). a Educação Que Desejamos: Novos Desafios E Como Chegar Lá. Revista de Educação PUC-Campinas, 24, 129-131.

Moura, A. (2012). Mobile Learning : tendências tecnológicas emergentes. 15. https://www.researchgate.net/publication/261483033_Mobile_Learning_tendencias_tecnologicas_emergentes

Moura, A. (2019). Para onde caminha a educação na era digital móvel ? February. https://www.researchgate.net/publication/331284211

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