
"O impacto da tecnologia na educação não é linear, por mais que apresente várias oportunidades, também coloca vários desafios. Estes desafios e oportunidades estão directamente relacionados com a natureza da tecnologia e do meio socialmente integrado." Comente afirmação.
Efetivamente,
nas últimas décadas vivenciamos uma impactante revolução tecnológica,
que se repercutiu e continua a repercutir em todos os setores da
sociedade. A educação não é exceção, as instituições estão a
transformar-se e a adaptarem-se aos novos hábitos e comportamentos, uma
vez que o processo de ensino e aprendizagem vai mudando conforme a
evolução da sociedade. Sendo assim, é inconcebível que a cultura
interativa fique à porta da escola! No entanto, as tecnologias não
substituem as pedagogias educativas, mas transformam as práticas do
ensino, o professor é cada vez mais um mediador/mentor, ou seja, aquele
que leva os alunos a conhecer e a interagir através das novas
tecnologias existentes. Mas é preciso ter em consideração os
conhecimentos e os interesses que os jovens já têm antes de chegar à
escola. A facilidade com que utilizam telemóveis, iPod, iPad, consolas,
computadores, ... permite a aquisição de competências de observação,
associação e de aprendizagens ativas e colaborativas, as quais se podem
revelar uma mais-valia para os objetivos pedagógicos. Entretanto, a
integração não é fácil, pois é necessário que os professores tenham a
formação e o conhecimento necessários para conciliar a tecnologia no
ensino com os conteúdos das disciplinas e com as diversas aprendizagens
pretendidas para o novo perfil dos alunos: construtor do seu próprio
conhecimento, crítico, reflexivo, dinâmico e conectado. Por isso, é
essencial que os docentes se disponham a essas mudanças,
estejam na disposição de também aprender, citando Paulo Freire: "A
educação não
transforma o mundo. Educação muda as pessoas. Pessoas transformam o
mundo". Os
docentes são os principais agentes dessas renovações.
Os
jovens de hoje fazem parte da geração designada "nativos digitais" e
que já não quer mais aprender de modo passivo, ou seja, uma geração que
nasceu e cresceu com os recursos tecnológicos facilmente acessíveis e já
totalmente integrados na sociedade. Sendo assim, se as escolas não se
atualizarem vão "perder" os alunos, será cada vez mais difícil
motivá-los, pois eles não pensam da mesma forma, não encaram nem
adquirem o conhecimento da mesma maneira. Sendo assim, essa nova forma
de pensar e aprender exige também novas formas de ensinar, novas
estratégias, isto é, metodologias ativas de ensino. Infelizmente, face à
rapidez com que as inovações tecnológicas e os seus recursos vão
surgindo, a escola (e os docentes) não conseguem reorganizar-se de forma
a adquirir competências para a sua utilização e aplicação adequada.
Além disso, não há a garantia de equidade no acesso aos recursos, o que
logo à partida pode promover disparidades de oportunidades e de
aprendizagens. Simultaneamente, surgem dúvidas sobre o uso e a eficácia
desses recursos, uma vez que se constata que o uso descontextualizado e
inadequado das tecnologias pode promover o alheamento, a falta de
socialização e de diálogo e empurrar os jovens para o isolamento.
Este é o grande desafio das escolas e dos professores, usar as
tecnologias, mas sem comprometer as aprendizagens, o desempenho e as
competências sociais dos jovens. "Juntar o útil ao agradável",
compreender a tecnologia não como um fim, mas como um meio para ajudar
na dinâmica das aulas e na participação ativa e construtiva dos alunos.
Se for devidamente contextualizada, quando utilizada com um propósito, a
tecnologia permitirá focar os alunos nas atividades, uma vez que as
mesmas serão mais dinâmicas e colaborativas, poderão estimular a
curiosidade, proporcionar experiências diferenciadas e a conexão entre
os estudantes com o mundo, permitindo-lhes obter conhecimento formal e
informal, para além dos espaços e tempos escolares, e prepará-los para
uma sociedade cada vez mais global e competitiva, em termos de mercado
de trabalho.
Atualmente, com a pandemia, verificou-se o incremento de novos recursos
educativos digitais (RED) que veio proporcionar aos docentes novas
estratégias na modalidade de ensino a distância. Foi um verdadeiro
"salto" na reafirmação do mundo digital e das suas potencialidades.
Estou em crer que, apesar da infelicidade da ocasião, estes novos tempos
vieram reforçar e impulsionar a "construção" da nova escola do século
XXI, mais igualitária e com abordagens pedagógicas mais atrativas para
os jovens.